Letramento digital e o sal da terra

Letramento digital e o sal da terra

Projeto de Acrisio Sena (PT) quer estabelecer o desenvolvimento do letramento digital nas escolas cearenses.

A Assembleia Legislativa do Ceará começará a apreciar um projeto de indicação do Deputado Acrísio Sena (PT) em cujo teor há uma provocação fundamental para a sociedade. Diz respeito a “promover e assegurar” ao estado, ou por meio dele, ações de letramento digital com ênfase na IA sob um viés de sustentabilidade.

Veja, letramento digital que é uma habilidade crítica moderna e pouco racionalizada; inteligência artificial, ferramenta que vem revolucionando a interação humano máquina; e sustentabilida, sem a qual o futuro, além de incerto, torna-se perigoso.

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Sendo um projeto de indicação, e considerando que será aprovado (o que certamente acontecerá), o documento sugere ao governo que se implementem diretrizes no sentido de fazer compreender esse mundo novo, recheado com exigências nunca vistas.

Trocando em miúdos: o projeto quer incluir no currículo das escolas cearenses, as competências necessárias para o letramento digital em um mundo novo. Novo e complexo. Cheio de labirintos, cheio de telas com informações, mentiras, golpes, serviços, fotos de família, possibilidades de emprego, pouca privacidade e desafios de entendimento. Definitivamente não é pouca coisa.

Por se tratar de indicação, o Estado não é obrigado a adotá-lo, porém a partir daí cabe à conscientização das pessoas o devido diálogo para que se efetive. Aliás, conscientizar já é o primeiro desafio. Porque temos o entendimento de que a educação é a base de tudo. Porém o letramento digital é uma compreensão nova, para a qual, talvez, enquanto sociedade, não estejamos preparados para seus desdobramentos. E sem isso, dificilmente iremos avançar para um próximo estágio. Quando falo nós, falo o Brasil inteiro.

Devemos também lembrar que nenhuma lei repercute e a a ser aplicada com base em um e de mágica. É preciso atitude e articulação. Bom, voltando ao projeto, este foi desenvolvido com contribuição da think tank Iracema Digital e atira no que vê (o entendimento de massa a respeito do que a digitalização da vida representa para os múltiplos aspectos da existência) e pode acertar no que cabe ao Congresso Nacional ver: os planos nacionais de definição da educação para as próximos anos. Como? Inserindo o “letramento digital” de forma explícita como uma competência intelectual para o século XXI, e conceitualmente organizado para isso.

Olhando para a esfera estadual, escopo da abordagem proposta por Acrisio, primeiro é preciso explicar o que é letramento digital. Estar letrado para o mundo binário, é ser capaz de ser são, salvo e forte, como nos ensinou Belchior. Ser ético no trato à distância, ser ativo na participação política ao separar civilidade de ferocidade. Também ser qualificado para a sedução da desinformação, com a capacidade de adquirir conhecimentos sofisticados do difuso mundo das múltiplas competências tecnológicas.

Agora veja, transpor a civilidade para o mundo digital, a exemplo de usar fones para ouvir um áudio dentro do transporte público, acredite, é um terreno difícil para alguns. Ou até para muitos. Porque tem básico que ainda não foi entendido, a exemplo da consciência de que o outro existe. Ser letrado digitalmente vai do comportamento a saber transitar entre plataformas, anexos e demais operacionalidade incipientes, cujo feitura é a mais elementar das empregabilidades.

O projeto sugere então que as competências digitais, essas das quais falamos um pouco acima, junto com alfabetização tecnológica crítica e responsabilidade socioambiental, sejam pilares formativos da nossa escola. Essa instituição que, no Ceará, diga-se de agem, conseguiu o incrível feito de colocar 87 escolas públicas entre as 100 melhores do país nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021, não pode parar.

Logo, para manter o processo de evolução em andamento, é preciso se adequar às mudanças da sociedade. Então como isso se daria? Por meio da formação docente, da implementação de indicadores da articulação entre os entes federados, criação de um comitê gestor, valorização de conteúdo da diversidade regional, além do apoio do FUNDEB para viabilizar as mudanças estruturais e outras atitudes. Sem esquecer que sem o engajamento da população nenhuma lei “pega”.

Acho que está bem compreendido do que se trata o projeto, mas resta algo. O que isso tem a ver com sustentabilidade? O autor respondeu minha pergunta com um exemplo. “Veja os Data Centers, que são infraestruturas necessárias para o colossal processamento e armazenamento de dados da humanidade. Pois bem, ali se consome grandes cargas de energia”. A tecnologia precisa ser vista, de fato, com a sua devida transversalidade e sem sustentabilidade, não haverá oferta, nem consumo. Sequer a humanidade, haverá.

Hoje pela manhã, em apresentação no teatro do meu filho de 10 anos, ao final do espetáculo, as crianças cantaram um música que você conhece de Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Tem um trecho que diz “Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois”. Para manter uma democracia, para não destruir tudo por dinheiro, para não excluir as pessoas no mundo digital e para tentar desenvolver econômica e intelectualmente nosso estado, precisamos de você. Porque você é o Sal da Terra.

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